Boletim de Serviço Eletrônico em 30/11/2021

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CONSELHO DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (Secretaria)

 

RESOLUÇÃO COGEP/UTFPR Nº 122, de 29 de novembro de 2021.

  

Dispõe sobre a Política Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica.

 

O PRESIDENTE DO CONSELHO DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, no uso de suas atribuições conferidas por meio da Deliberação nº 35, de 17 de dezembro de 2018, do Conselho Universitário - COUNI, publicada no Boletim de Serviço Eletrônico em 10/04/2019;

considerando o Estatuto da UTFPR, aprovado pelo MEC/SESu, por meio da Portaria nº 303, de 16 de abril de 2008, publicada no D.O.U. de 17 de abril de 2008, e alterado pelo COUNI, por meio das Deliberações: nº 8, de 31 de outubro de 2008; nº 11, de 25 de setembro de 2009, referendado somente o seu item “b” pela Deliberação nº 14, de 23 de junho de 2017; nº 7, de 27 de novembro de 2012, cancelado pela Deliberação nº 4, de 10 de fevereiro de 2017; nº 4, de 10 de fevereiro de 2017; nº 14, de 23 de junho de 2017; e nº 36, de 17 de dezembro de 2018;

considerando o Regimento Geral da UTFPR, aprovado pelo COUNI, por meio da Deliberação nº 07, de 05 de junho de 2009 e alterado pelo COUNI, por meio das Deliberações: nº 04, de 10 de fevereiro de 2017; nº 14, de 23 de junho de 2017; nº 21, de 20 de outubro de 2017; nº 11, de 06 de abril de 2018 e nº 36, de 17 de dezembro de 2018;

considerando o parecer (SEI nº 2388674), relatado pelo conselheiro Marcelo Lambach, submetido à apreciação na 71ª reunião ordinária do Conselho de Graduação e Educação Profissional - COGEP, em 12 de novembro de 2021, e aprovado por 43 votos favoráveis, 0 votos contrários e 5 abstenções; e

considerando o que consta no processo SEI nº 23064.039311/2021-52,

 

RESOLVE:

Art. 1º  Aprovar a proposta de Política Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica, conforme anexo.

Art. 2º  Revogar a Resolução nº 149/2019 - COGEP, de 17 de dezembro de 2019 (SEI nº 1256671).

Art. 3º  Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Boletim de Serviço Eletrônico da UTFPR.

 

 

(assinado eletronicamente)

JEAN-MARC STÉPHANE LAFAY

Presidente do COGEP/UTFPR


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Documento assinado eletronicamente por (Document electronically signed by) JEAN MARC STEPHANE LAFAY, PRESIDENTE DO CONSELHO, em (at) 30/11/2021, às 08:51, conforme horário oficial de Brasília (according to official Brasilia-Brazil time), com fundamento no (with legal based on) art. 4º, § 3º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.


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Referência: Processo nº 23064.039311/2021-52 SEI nº 2418664

RESOLUÇÃO COGEP/UTFPR Nº 122, de 29 de novembro de 2021.

 

Política Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica

 

 

1. APRESENTAÇÃO

A Política Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica integra o conjunto de metas estabelecidas pela Pró-Reitoria de Graduação e Educação Profissional (PROGRAD) ao mesmo tempo em que vem ao encontro das diretrizes legais estabelecidas pela Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, por meio da qual se estabelecem as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação)”, e das metas do Plano Nacional de Educação PNE 2014/2024, em especial as metas 15 (quinze) e 16 (dezesseis), em que, se destaca a necessidade de assegurar a formação de todos os professores da Educação Básica em cursos de licenciatura e de, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) desses em nível de pós-graduação.

 

2. BREVE HISTÓRICO

A oferta de cursos de formação inicial e continuada de professores pela UTFPR é reconhecida e legitimada por sua lei de criação, a Lei nº 11.184, de 7 de outubro de 2005, na qual, dentre os seus objetivos, está a oferta, em nível superior, de cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas à formação inicial de professores e especialistas para as disciplinas nos vários níveis e modalidades de ensino e cursos de formação continuada, por diferentes mecanismos, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais.

Consta do Plano de Reestruturação e Expansão da UTFPR (REUNI), aprovado em 2007, a previsão da oferta de cursos de licenciaturas, conforme estabelece a seguinte premissa:

C.1 Articulação da educação superior com a Educação Básica, profissional e tecnológica.  A oferta de cursos de licenciatura na UTFPR terá, neste contexto, dois alcances significativos: (a) minimizar a carência de professores para a Educação Básica, principalmente para as áreas da física, química, biologia e matemática; e (b) servir como referência de qualidade na formação docente para as regiões onde os "campi" estão instalados (UTFPR, 2007, p. 18).

Desde então, as licenciaturas passaram a incorporar mais efetivamente o rol de cursos de graduação ofertados na UTFPR, historicamente reconhecida pela oferta de tecnologias e bacharelados, muito embora já faziam parte do sistema, anteriormente ao REUNI, os cursos de licenciatura em Matemática e Letras, no "campus" Pato Branco.

Atualmente, a UTFPR conta com 17 (dezessete) cursos de licenciaturas, distribuídos em 12 (doze) "campi" situados no estado do Paraná.  Ao todo são 8 (oito) diferentes cursos: Ciências Biológicas, Física, Informática, Letras-Inglês, Letras-Português, Letras Português-Inglês, Matemática e Química.  Com essa diversidade de cursos, criados em diferentes momentos e contextos locais, a UTFPR passou a adotar a proposição de encontros com as coordenações de suas licenciaturas, de modo a discutir pautas comuns à formação de professores.  Esse movimento foi cada vez mais impulsionado pela necessidade de discussão e apropriação das diretrizes legais para a formação inicial de professores.

A PROGRAD, gestão 2016/2020, estabeleceu a proposição de Fóruns Permanentes de Coordenações (Licenciaturas, Engenharias, Humanidades, entre outros) como caminho para o fortalecimento dos cursos de graduação e, no caso específico das licenciaturas, para a negociação de ideias, estabelecimento de agendas de trabalho em prol da educação e da formação de professores, bem como para a constituição da identidade das licenciaturas na UTFPR.

Nesse contexto, o I Fórum de Licenciaturas da UTFPR (ForLic) ocorreu nos dias 5 e 6 de dezembro de 2016, em Curitiba, com a participação de coordenadores dos cursos vigentes e mais dois representantes docentes, totalizando 45 (quarenta e cinco) participantes.  Antecederam o fórum três encontros com coordenadores de licenciaturas, realizados no período de 2013 a 2015, promovidos pela gestão anterior da PROGRAD.

Das discussões decorrentes do I ForLic, um conjunto de preocupações e anseios coletivos foram levantados:

I - a necessidade de fortalecimento da integração com a Educação Básica e vínculo com a educação pública;

II - a promoção de relações da docência com o avanço científico e tecnológico e inovações metodológicas e, ainda, integração com Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS);

III - a prioridade da presença de formadores de professores nas licenciaturas com experiência em educação;

IV - o fomento a trabalhos de conclusão de curso (TCC) voltados à Educação Básica e aos saberes docentes; e

V - o reconhecimento da especificidade do estágio curricular supervisionado nas licenciaturas.

O II ForLic da UTFPR foi realizado nos dias 11 e 12 de setembro de 2017, nas dependências da UTFPR, "campus" Guarapuava.  O encontro contou com a presença de representantes da PROGRAD, de coordenadores e docentes dos cursos de licenciatura, totalizando 43 (quarenta e três) participantes.

No conjunto de temáticas abordadas no II ForLic, destacaram-se dois grandes temas: o estágio curricular supervisionado e o TCC nas licenciaturas.  O primeiro tema já vinha sendo tratado no encontro anterior, no qual produziu-se a versão final do regulamento do estágio curricular supervisionado dos cursos de licenciatura da UTFPR.  No II ForLic, as discussões centraram-se na questão dos modos de organização do estágio com vista à ampliação das articulações entre as licenciaturas da instituição.  Em segundo lugar, tratou-se das temáticas dos TCCs, tendo como referência a discussão acerca do papel do TCC em um curso de licenciatura, cujo objeto é a formação docente.

Nesta mesma edição, em seu segundo dia, a PROGRAD apresentou a proposta inicial de elaboração de um documento de política institucional para as licenciaturas, adotando-se três grandes eixos norteadores como referência:

I - a articulação com a Educação Básica;

II - a educação inclusiva; e

III - as tecnologias na formação docente e no contexto da UTFPR.

Esses eixos tomam como referência princípios anunciados nas diretrizes para formação inicial e continuada de professores e vão ao encontro dos anseios institucionais para a formação docente.  A produção de um primeiro esboço do texto desta política teve início neste encontro, por meio da elaboração coletiva de metas e estratégias para cada um dos três eixos.

Concomitante à existência do ForLic, estabeleceu-se, no final de 2017, a Comissão de Formação de Professores para a Educação Básica na UTFPR, instaurada pela Portaria do Reitor nº 2236, de 30 de novembro de 2017, em resposta às exigências definidas pelo Ministério da Educação (MEC), em portaria estabelecida pela CAPES (Portaria MEC nº 158, de 10 de agosto de 2017), por meio da qual se dispõe a necessidade de instituir uma instância organizacional vinculada à PROGRAD, voltada à formação de professores da Educação Básica.  A referida Comissão foi definida com a participação de 16 (dezesseis) membros titulares e, em seguida, com a Portaria do Reitor nº 1522, de 19 de agosto de 2019, incluíram-se novos representantes, totalizando, assim, a participação de 19 (dezenove) membros titulares, que são, a saber: representantes da PROGRAD; das licenciaturas; dos programas de pós-graduação e da extensão na área de ensino; dos programas de formação de professores e da Educação Básica; da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) e representante discente, de modo a possibilitar a integração da política de formação de professores na instituição.

Para além das exigências legais impostas pela portaria em questão, a construção de uma Política Institucional da UTFPR para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica com a melhoria da qualidade da formação docente e a consequente melhoria da educação pública e de sua articulação com a comunidade.  Assim, a elaboração da Política Institucional para a Formação de Professores da Educação Básica da UTFPR, consolidou-se numa perspectiva colaborativa e democrática.

Cumpre salientar, ainda, que a relevância dos processos de formação para a docência universitária também configura-se como destaque no contexto da universidade, a qual estabelece em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) a necessidade de criação e consolidação de um Programa Institucional de Desenvolvimento Profissional Docente.

Sucederam-se a realização de mais três fóruns de licenciaturas: III ForLic, em maio de 2018, em Curitiba; IV Forlic, em outubro de 2018, em Guarapuava e o V ForLic, em junho de 2019, em Curitiba.  A partir do III ForLic, constituíram-se subgrupos de trabalho para as temáticas de estudo, com destaque para o estudo da dimensão pedagógica e tecnológica na formação inicial de professores e questões acerca da evasão e o perfil dos estudantes de licenciaturas.

 

3. DIRETRIZES LEGAIS

A Política Institucional da UTFPR para a Formação Inicial e Continuada de Professores para a Educação Básica revela a necessidade de organicidade entre o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) das licenciaturas, sendo essa articulação prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores para a Educação Básica e em outros documentos legais em que se contempla a formação inicial e continuada de professores.

Assim, consideram-se referências para a presente Política Institucional os seguintes documentos:

3.1 Documentos nacionais

3.2 Documentos institucionais

3.3 Documentos estaduais

 

4. DOS PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA POLÍTICA INSTITUCIONAL

Consta do Plano de Desenvolvimento Institucional da UTFPR (2017, p. 14) a missão de “desenvolver a educação tecnológica de excelência por meio do ensino, pesquisa e extensão, interagindo de forma ética, sustentável, produtiva e inovadora com a comunidade para o avanço do conhecimento e da sociedade”, tendo como visão “ser modelo educacional de desenvolvimento social e referência na área tecnológica”, pautando-se nos seguintes valores:

"Ética: gerar e manter a credibilidade junto à sociedade.

Desenvolvimento humano: formar o cidadão integrado no contexto social.

Integração social: realizar ações interativas com a sociedade para o desenvolvimento social e tecnológico.

Inovação: efetuar a mudança por meio da postura empreendedora.

Qualidade e Excelência: promover a melhoria contínua dos serviços oferecidos para a satisfação da sociedade.

Sustentabilidade: assegurar que todas as ações se observem sustentáveis nas dimensões social, ambiental e econômica.".

Frente a esse perfil institucional, a Política Institucional para Formação de Professores para a Educação Básica na UTFPR adota os seguintes princípios orientadores:

A Ética como princípio formativo no processo educativo, nas relações pessoais e profissionais, com respeito à diversidade, à dignidade humana e ao compromisso com a construção de uma sociedade justa, equânime e igualitária.

O Desenvolvimento Humano como princípio orientador para o reconhecimento, análise e intervenção nos contextos educacionais com base na práxis pedagógica, para a transformação social e educacional da sociedade e/ou comunidade na qual estão inseridos.

A Integração Social como princípio para o fortalecimento e ampliação das relações entre a universidade, as redes públicas de Educação Básica e outros espaços educativos, escolares e não escolares, sendo um compromisso institucional e tendo como premissas as especificidades temporais e espaciais da sociedade.

A Inovação como princípio norteador da ação educativa que englobe a inovação científica educacional e didático-tecnológica, considerando o desenvolvimento tecnológico e a integração do conhecimento em uma perspectiva interdisciplinar e multidisciplinar e nas diferentes áreas de formação profissional.

A Qualidade e a Excelência como princípios para a produção de conhecimento, considerando os elementos que impactam na formação inicial e continuada de professores para a Educação Básica em relação a recursos materiais, humanos e tecnológicos, de estrutura e infraestrutura nos âmbitos de gestão, pesquisa, ensino e extensão.

A Sustentabilidade como princípio para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia articulados aos processos pedagógicos para a formação cidadã ampla de profissionais para a Educação Básica, comprometidos com o desenvolvimento local e global, com participação em redes nacionais e internacionais de Educação Ambiental.

 

5. DOS EIXOS NORTEADORES PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Os eixos norteadores para a formação de professores para a Educação Básica na UTFPR têm como referência aspectos preconizados nas diretrizes nacionais para a formação de professores.  Esses eixos estabelecem:

a) Articulação com a Educação Básica, pautada no respeito às instituições escolares parceiras, principalmente da rede pública de ensino, de modo a definir-se como um dos princípios da formação dos profissionais da docência para a Educação Básica.

b) Educação Inclusiva, que considere o respeito às diferenças, reconhecendo e valorizando a diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional, entre outras.

c) Tecnologias na formação de professores e no contexto de uma universidade tecnológica, em que são imprescindíveis os conhecimentos básicos do pensamento e dos fenômenos digitais e computacionais, bem como das linguagens características desses âmbitos, tendo em vista suas implicações na dinâmica do ensino e da aprendizagem na Educação Básica.

 

6. DA FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A formação inicial de professores na UTFPR, em cursos de licenciatura, para a docência na Educação Básica, atende às orientações das Diretrizes Nacionais para Formação de Professores e à legislação institucional da universidade.  A especificidade da formação de professores para a Educação Básica é garantida pela organização curricular que contempla, em consonância com o perfil do egresso das licenciaturas, como aspectos centrais: a dimensão pedagógica, a dimensão tecnológica, o estágio curricular supervisionado, as atividades práticas como componente curricular e o TCC.

Consideram-se, ainda, aspectos de referência para a construção dos PPCs de licenciaturas na UTFPR, os três eixos norteadores já enunciados: a articulação com a Educação Básica, a educação inclusiva e as tecnologias na formação docente e no contexto de uma universidade tecnológica.  Tais eixos articulam-se em duas dimensões de destaque: a pedagógica e a tecnológica.

6.1 Dimensão Pedagógica

A dimensão pedagógica abrange o conjunto dos conhecimentos próprios de formação de qualquer profissional do ensino, independentemente da área disciplinar ou nível de escolaridade em que atue.  São esses conhecimentos que aproximam as discussões acadêmicas da realidade escolar e outros espaços de exercício da docência.  Essa dimensão deverá ser desenvolvida de forma articulada com as disciplinas de formação específica de cada curso, visando proporcionar reflexões teórico-práticas, de modo a garantir as especificidades da profissão docente, sendo esses os conhecimentos relativos ao currículo, aos contextos educacionais, aos fins, aos propósitos e aos valores educacionais, aos estudantes e suas características, bem como às teorias e aos princípios próprios dos processos de ensinar e de aprender.

Em síntese, a partir das Diretrizes Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica, podemos apreender que a dimensão pedagógica dos cursos de licenciatura envolveriam, obrigatoriamente, os seguintes campos de conhecimentos: Currículo; Política Educacional; Metodologias, práticas de ensino ou didáticas específicas; Didática; Tecnologia na Educação; Avaliação Educacional; Gestão Escolar; Educação Inclusiva; Educação Especial; Libras; Fundamentos Históricos, Sociológicos e Filosóficos da Educação; Psicologia da Educação; Pesquisa em Educação.

A dimensão pedagógica contempla a Dimensão Pedagógica Geral e a Dimensão Pedagógica Específica.  A Dimensão Pedagógica Geral corresponde aos conhecimentos da Ciência da Educação e dos Fundamentos da Educação, estruturantes para a formação de todo professor, a serem desenvolvidos pelos profissionais da área.  A Dimensão Pedagógica Específica corresponde aos conhecimentos das áreas de ensino em que o curso habilita, a serem desenvolvidos por professores que transitem pela formação pedagógica e prática de ensino específica da formação de cada curso.

6.2 Dimensão Tecnológica

O reconhecimento da necessidade de uma dimensão tecnológica nos cursos de licenciatura da UTFPR justifica-se pelo fato de que a consolidação da identidade desses cursos reside também na especificidade de uma universidade tecnológica, em que se considera a tecnologia como algo inerente à sociedade e que os aspectos humanos são parte integrante do problema e da solução de todo desenvolvimento tecnológico.  Essa dimensão engloba uma formação geral, entendida como uma vertente geral da tecnologia, com seus pressupostos filosóficos e sociológicos, e uma formação específica, entendida como uma vertente específica da tecnologia, que transite pelo campo da tecnologia aplicada às áreas de conhecimento das licenciaturas, incluindo tecnologias próprias das áreas, recursos tecnológicos e aplicações no campo da educação e na formação de professores, que envolvam pressupostos de alfabetização científica e tecnológica e relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).

Com isso, faz-se mister o reconhecimento da tecnologia para além da criação de produtos ou projetos, com o entendimento de sua intencionalidade e na compreensão e uso da tecnologia no processo de formação de professores e, consequentemente, de formação humana.

Em síntese, podemos considerar que a dimensão tecnológica dos cursos de licenciatura envolve os seguintes temas:

Filosofia e Sociologia da Tecnologia; Estudos CTS/CTSA; Pressupostos de alfabetização científica e tecnológica; Questões contemporâneas da tecnologia na formação e profissionalização docente; Tecnologia aplicada às áreas específicas de conhecimento das licenciaturas.

6.3 Estágio Curricular Supervisionado

O Estágio Curricular Supervisionado de um curso de licenciatura é um momento proposto para a inserção de um novo profissional da docência na Educação Básica, seu futuro campo de trabalho.  É nesse espaço de construção do conhecimento que se entrelaçam a teoria estudada nos componentes curriculares do curso com seu desenvolvimento e vivências no campo profissional, dando oportunidade de propor, desenvolver e refletir sobre modos de ensino e de aprendizagem.

Deve haver acompanhamento efetivo do professor orientador da universidade e do professor supervisor da unidade concedente, por meio de um projeto conjunto de ações integradas, sendo todos responsáveis pela avaliação e desempenho do estagiário.  Poderão ser contempladas situações de estágio em espaços educativos formais e não formais, desde que devidamente previstos nos PPCs e em concordância com a legislação de estágio.

O Estágio Curricular Supervisionado deve ser organizado em disciplinas, de modo a considerar as especificidades do curso, da área e do contexto local, garantindo que parte da carga horária seja desenvolvida junto ao professor orientador e/ou professor do componente curricular vinculado ao estágio, em situação de coletividade, destinada ao planejamento, compartilhamento de ações, orientações e acompanhamento do processo formativo.

A operacionalização do Estágio Curricular Supervisionado seguirá procedimentos específicos para as Licenciaturas da UTFPR, conforme Resolução própria.

6.4 Atividades Práticas como Componente Curricular (APCC)

Em conformidade com o Parecer da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE/CES) nº 15/2005, entende-se como Atividade Prática como Componente Curricular:

[...] o conjunto de atividades formativas que proporcionam experiências de aplicação de conhecimentos ou de desenvolvimento de procedimentos próprios ao exercício da docência.  Por meio destas atividades, são colocados em uso, no âmbito do ensino, os conhecimentos, as competências e as habilidades adquiridas nas diversas atividades formativas que compõem o currículo do curso.  As atividades caracterizadas como prática como componente curricular podem ser desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras atividades formativas (BRASIL, 2005, p. 3).

Desse modo, compreende-se que as APCC devem ser planejadas quando da elaboração do PPC e a sua implementação deve iniciar no início do processo formativo e permear toda a formação do professor, ocorrendo no interior das áreas ou das disciplinas, excluindo-se o estágio curricular supervisionado.  As APCC devem possibilitar o conhecimento e a análise de situações pedagógicas que corroborem a formação docente, podendo ser desenvolvidas por meio da articulação com atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Os modos de realização das APCC são inúmeros e poderão ser propostos pelo corpo docente do curso, adequando-se à realidade de atuação, às diversas dimensões da prática profissional e às possibilidades contextuais e materiais.  Algumas sugestões nesse sentido, sem a pretensão de esgotá-las ou restringi-las, são: análise crítica de materiais, como livros didáticos, paradidáticos, videoaulas e orientações curriculares (nacionais, estaduais, municipais ou específicas para algum contexto), considerando fatores históricos, culturais, organizacionais e pedagógicos; entrevistas com profissionais da educação, estudantes, egressos e evadidos, como forma de contato com a realidade escolar em diferentes contextos e épocas; estudo de produções científicas relacionadas ao ensino (como artigos, livros, dissertações, teses e produtos educacionais), que possam contribuir para o contato com as temáticas de interesse da formação de professores no âmbito da pesquisa; elaboração de propostas ou planejamentos de intervenções pedagógicas, sejam elas disciplinares, interdisciplinares ou transdisciplinares; realização de estudos de aulas, com apoio de materiais audiovisuais, relatos e descrições; visitas a ambientes educacionais diversos, para observação e diálogo com profissionais e estudantes; observação e descrição de contextos de educação informal e não formal; acompanhamento da realidade de um contexto escolar específico; realização de intervenções pedagógicas simuladas com a própria turma.

Como as APCC podem apresentar características diversas, as atividades desenvolvidas pelos discentes podem ocorrer na UTFPR ou externamente, em outros ambientes - no horário das aulas ou não.

6.5 Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

O TCC é uma atividade acadêmica discente, quando previsto no PPC do curso de licenciatura da UTFPR, voltado à formação para a docência na Educação Básica, em consonância com o perfil do egresso desses cursos.

Na organização dos TCCs é importante que sejam consideradas a articulação entre teoria e a prática e a valorização da pesquisa como princípio pedagógico essencial ao processo formativo docente, contemplando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

 

7. DA PESQUISA E DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

A extensão tem como objetivo promover para a comunidade o acesso ao conhecimento por meio de iniciativas e ações objetivas a fim de contribuir para qualidade de vida das pessoas e solução de problemas de natureza diversas.  Articula-se com a pesquisa, à medida em que possibilita a disseminação do conhecimento em constante processo de elaboração, revisão e sistematização, pautados, na necessária relação entre ações de ensino, pesquisa e extensão que são essenciais para a formação inicial e continuada de professores, e nas diretrizes nacionais e institucionais para o desenvolvimento da extensão e da pesquisa, considera-se fundamental:

a) incentivar a abertura e a manutenção de cursos de pós-graduação, "lato sensu" e "stricto sensu", que primem pelo desenvolvimento pessoal e profissional do docente em diferentes níveis e modalidades de ensino;

b) estimular o desenvolvimento e a organização de ações, projetos e programas de extensão envolvendo licenciandos, pós-graduandos e professores da Educação Básica em eventos, cursos e oficinas de formação continuada, priorizando o trabalho colaborativo e formações com duração prolongada e acompanhamento da prática;

c) promover a organização e a manutenção de grupos de estudos, pesquisa e extensão para a articulação necessária entre conhecimentos científicos e vivências da prática docente, aprofundando o conhecimento pedagógico do conteúdo e que contribuam com a formação inicial e continuada dos professores da Educação Básica;

d) articular a formação inicial e continuada com fóruns sobre formação de professores, o que inclui Fóruns dos cursos de licenciaturas da instituição;

e) promover ações, em parceria com as redes públicas de Educação Básica, que possibilitem a articulação entre as pesquisas desenvolvidas na UTFPR, no âmbito dos cursos de pós-graduação e graduação, no sentido de atender as demandas das redes quanto às ações necessárias para a transformação da realidade educacional, não limitadas, assim, a fins diagnósticos;

f) viabilizar a criação de Centros de Formação Permanente de Professores da Educação Básica, compostos e/ ou coordenados por representantes dos cursos de licenciatura em cada "campus" e que atuem com a formação de professores, para que promovam a integração entre a UTFPR e as redes públicas de Educação Básica, em um processo de diálogo permanente com os cursos de licenciatura, programas de pós-graduação, programas e projetos de pesquisa e de extensão;

g) incentivar a pesquisa e a extensão por meio da criação de editais que considerem as especificidades da formação de professores para a Educação Básica; e

h) construir, formalizar e institucionalizar, em parceria com as redes públicas de Educação Básica, planos de desenvolvimento estratégico destinados à formação inicial e continuada de professores, em concordância com a legislação, em distintos âmbitos e esferas.